OS SENTIDOS E A SAUDADE

Memória é uma semente plantada que se enraíza em nós, cresce e dá frutos de saudade o ano todo...

Paro e me recolho no silêncio que me possibilita voltar no tempo.

Consigo ver as ruas da minha velha cidade, ladeiras de barro onde os carrinhos de rolimã nos proporcionavam estar num GP que não exigia ser rico nem famoso...

Posso lembrar e sentir na boca o sabor dos refrescos de coco ou maracujá, acompanhados de pão doce, vendidos nas barraquinhas da feira livre...ali era o nosso fast food.

Lembro nas noites de chuva, na nossa rua com poucas casas, sem carros nem motos, poder ouvir em meio ao mato molhado, o "coral" harmonioso dos sapos e rãs se cumprimentando: "oi...oi...oi...oi..."

O cheiro do pão saindo do forno nas antigas padarias, a pipoca do velho pipoqueiro, o milho cozido de d. Julia e a diversidade de flores e frutas nos quintais, perfumavam a cidade com uma mistura de cheiros que elevavam a alma...

Cidade pequena, gente de boa vontade, tudo era próximo, tudo podíamos tocar, nos misturar com tudo que amávamos naquele lugar abençoado...

Hoje moro distante, cidade grande, sem cores, sem cheiros, sem sabor, nada parece estar ao alcance...

Fico na janela, quieto, cheio de saudade, esperando ouvir uma resposta, enquanto sussurro baixinho: "oi...oi...oi...oi..."

ANDRÉ L C MELO
Enviado por ANDRÉ L C MELO em 02/01/2023
Reeditado em 11/03/2023
Código do texto: T7685320
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