Amor é Fogo Que Arde Sem se Ver
Se a dor, como única realidade palpável, pudesse plasmar em mim, devoraria a vontade, que é guia.
Desejaria a morte, a ter que viver do seu sangue.
Dor de não poder fazer nada, de ter que aguentar ficar no assento, quando se está no pico do tsunami.
Ó, dor! A conheci quando mantinha meu ser no andar de baixo. Era crucificada por ti! morria a mingua.
Não tinha acesso ao inebriante Amor Divino
Conheço o calor e a dor do fogo negro, aquele temperado, que me nutria quando tanto me machuquei, e o mundo junto.
Vivi por entre as chagas no corpo etérico, incuráveis.
Vivem no andar de baixo, semi inanimadas, na meia vida.
O calor amoroso Divino tem feito uma temperança no estar, de modo que o que sinto chega até a um limite, ao ponto da loucura não ganhar campo, evitando fazer de mim uma famigerada criatura feita de carne e osso, tão somente. Condenada a lei do instinto inferior. Ira e Morte.
O entendimento é o mesmo...não mudou na clareza e na lógica na arte de esbulhar os acontecimentos.
Mas não! Tem se mantido humilde, sem força para ir a campo.
Vê a batalha, conhecido e conhecedor se fundem, sentindo o âmago da luta.
Vísceras, fezes, o pus e os dejetos mais repugnantes do que é vivido, é visto nos detalhes.
Mas o eu não necessita mais arrancar disto prazer. Não quer! Não precisa disto. Ao fogo brando, no ser vive a que caiu em desuso, a indignação anã, de não poder fazer nada para estancar a ignorância, o sofrimento, como condição de vida dos fracos e dos necessitados.
Pela manhã, ao homem de boa vontade, tem aparecido como opção para alimento, o pão seco da injustiça, o fel, veneno da cruel realidade estabelecida.
Hora de refletir o trabalho da borboleta, quando estava a se fazer no casulo. Da flor, quando no botão, do trigo, quando ainda na semente junto ao solo.
O tempo e a nova florada tem um caminho, um processo.
Somente Deus sabe.
O Autor e O Consumador da Suprema Canção. Vida.
Sigamos.
Márcia Maria Anaga( Direitos Autorais Reservados, publicado no site Recanto das Letras)