SOBRE O ATO DE ESCREVER
Não sou um homem de muitas aptidões. Revelo-me uma fraude absoluta para muitas situações da vida cotidiana, coisas que um idiota faria com precisão. Por sorte a vida me compensou com um nível de habilidade para escrever. É o que em mim chamo de salvação. Escrever é, portanto, meu regalo, meu jeito de subir aos céus. E, numa visão mais simplificada da vida profana, o ofício de onde retiro o pão. Antes e depois disso, do céu e do chão, gosto de pensar que escrever é o meu abadá para sentir o mundo, quase compreendê-lo. É a dimensão que atravesso para sucessivas tentativas de me posicionar onde o mistério às vezes se faz luz.