FÁBULA O MENINO DA ROÇA 4° CAPÍTULO

 

MENINO DA ROÇA 4º CAPÍTULO

 

Tomado por uma inexplicável magia naquela aula de ecologia, durante nosso passeio, eu tentava entender o significado da prosa de meu avô com tantas referencias, citando o meio ambiente. Seria uma pessoa com este nome, o tal meio ambiente, criador e dono de tudo aquilo. Ou todo aquele encantamento que me envolveu seria mesmo um sonho fora de minha realidade infantil. Na minha concepção silvestre de bichinho do mato. Afinal aquela foi minha primeira oportunidade que tive ao lado de meu avô, pois eu mal o conhecia, nasci no mato e no mato fiquei até chegar a idade escolar. De onde vim com aquela tenra idade eu carregava comigo impregnada no meu eu, na tela zerada, vazia e virgem de minha imaginação, apenas o cheiro do mato, o perfume silvestre da flora campestre e as imagens de um  cenário do campo desenhadas pela mão de Deus na natureza.

Empolgado com aquele paraíso encantado, chegou à hora de voltarmos para casa. Quando pegamos a estrada de volta, nossas imagens já se confundindo com as silhuetas das árvores provocadas pelo sol poente, que encobria no horizonte, alongando as sombras que avançavam pela face da terra, que no momento, silenciava, se rendendo ao crepúsculo dando espaço aos murmúrios da natureza. Iniciados com as aves de hábitos noturno, começando a se espalhar em sua jornada, com seus voos ora rasantes ora bailando pelas alturas, confundindo os gritos e seus cânticos com o coaxar das rãs que batucavam nas veredas alagadas. Ao fundo, bem distante a piar triste as corujas anunciavam mais uma noite sem luar.

Miríades de lacraias num intenso piscar de luzes surgiam numa bela e encantadora magia em parceria com os bandos de vaga-lumes que rabiscavam os espaços da escuridão. Como se fosse uma imitação fantástica do céu que aos poucos estendia nas alturas o seu manto bordado com as mais belas e numerosas constelações de astros e estrelas.  E para  nos grindar e fechar com chave de ouro aquele sonho diante dos neus olhos,  o despencar mágico de uma estrela cadente rabiscou o universo num belo espetáculo a parte. justo no  momento  em que aquela paisagem que cobria a terra me pareceu espelhar o céu se refletindo . "Uma tela que se eternizou em minha memória e permavece  perpetuada  em meus arquivo nas gavetas da mente.

No dia seguinte eu já me sentia um pouco mais seguro naquele novo habitat. Cultivando as fantasias daquele novo paraíso. A semente que meu avô colocou na minha consciência começava a germinar, para mais tarde eu me apaixonar pela natureza como um de seus verdadeiros discípulos . O que alias, eu não era uma exceção, pois outras centenas de sementes já haviam sido espalhadas por ele, e seus resultados positivos já beneficiavam com sua teoria, seus netos mais velhos do que eu e mais algumas dezenas daqueles que conviviam com ele.

Aprendi com meu avô, a me colocar no lugar do outro antes de ofendê-lo, podendo assim andar de cabeça erguida sempre com um sorriso estampado, sentir calor humano em um aperto de mão. Perdoar sempre e não guardar mágoas no coração. Para assim também ser perdoado.

 

Obs: (Foto do`meu acervo pessoal )

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 25/05/2022
Reeditado em 29/05/2022
Código do texto: T7523708
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