Moradores de Rua
Esmurram as portas das cidades,
Buscam respostas as suas dores.
Pelas ruas fétidas soltam valores,
Perdem a identidade, a dignidade.
A porta da mansão é a calçada,
A cama a qual se deita é papelão
Do outro lado da porta há alguém
A lamentar sem estender a mão.
A imobilidade social incita ao crime
O desajuste, as faltas afetam a razão.
Ao bater na porta da rua cuidado
O ser ficou selvagem, sem direção.
Como tocar na porta do seu coração?
Não chegue com ordens, só com comida,
Amor, medidas assistências e atenção.
O homem da rua virou rato de esgoto, lobo
Por causa do abandono tornou-se primata,
Tem sangue nos olhos, por vezes trapaça.