Parto O parto corta, corta o senso. Da porta do pensamento, Papiro, pedra, papel, virtual Partida, chegada espacial. O mundo é gerado em largo o ventre, Forte, espaçoso ou mesmo doente, Gera ideologias diferentes, Umas que comem morangos, Outras que quebram os dentes. Perdidas parteiras partem sem o ato das mãos. É Larga a ponte entre o bisturi e a revolta, A diluir o futuro entre os dedos. Parte do parto do porto da vida, A seca do nordeste parida Parte com dor, parte a hora, A seca do nordeste levanta a poeira E choram filhos abortados, Parte parteiras com as mãos escritas. Se ficassem paririam o fogo das bocas , A Sede dos corpos, a febre delirante. O momento ardente da língua Expulsariam o medo e amariam o ontem. Parto partes de toda parte de um todo, Pranto de tantos desamores. Antes de partir homens e mulheres Choram o pranto do Conselheiro. Parto o processo da parte do tempo, Parto do silêncio que se perderam nos espinhos dos cactus, nas falanges Do do tempo. Parte de pedaços que esfacelaram a consciência humana. Cenário desigual num mesmo palanque. Partem em partidas partes. Mulher, teu ventre é doente da vida Não só do peso da barriga. E lá se vão pelos esgotos Marias e Severinas.