Tendão de Aquiles
Quero defenestrar as palavras atrevidas,
Ofensivas, perniciosas, imaturas.
Quero as palavras reconstruídas,
Palavras complacentes, cheirando a capim,
Cheirando a querubim ou ao fogo do absinto.
Quero a emoção de java,
A beleza da flor que nasce entre as pedras
A palavra de adeus mas, me espera.
O vocabulário em latim falando de Vinícius...
A flor de cáctus no sertão de laços.
O dedo de Deus no istmo,
Nas arpas dos anjos, no tendão de Aquiles.
A força do medo no ápice da boca
Cortada pelo ato nobre da palavra
Na sílaba que escapa.
Venha assim, o avesso do averso
O começo e recomeço, o traço,
Os caroços da lichia ou da laranja o bagaço.
Quero linda cama pra sonhar coisas que faço.
Ainda estar nas mãos a decisão do fato.
Cortadas as palavras, verbos defectivos,
Imagens retóricas dos vícios,
O desencontro das partes mal amada
Que Correm às vitrines do fálico.
Já não mostramos a face nos jornais,
Já não somos capa de revistas, nem cordéis,
Calamos com a boca cheia de jilós
E só nos atemos com histórias de coronéis.
Assim, queremos, somos palavras dormidas,
Palavras fermentadas, texto sem contexto,
Assim vamos a plantar feijão sem comê-los,
A beber água no gargalo, a teimar em ser meio,
Quando não somos o início desse meio
Nem o quarto das horas desse ato.