Momentos de Turbulências
Sombras da história, Insônia demente,
Pesadelos com gnomos, Foucault, entre.
Movimentos da terra leva-me ao sono.
Onde vou passar caibo nas portas.
Abro as janelas e a brisa não vem,
Durmo e acordo nas dobras da língua.
O rádio varre as décadas em ritmos.
Sons diacrônicos rompem o grito.
Não estou só, nessas paredes existo.
É preciso cantar com um som pertinente
Minha alma parva sorve os momentos.
Somos tantos, somos quantos, somos.
Cobrem-me o vento que não é do norte.
Espera a canção do galo do relógio
Enquanto ácidos queimam o estômago.
Pedra, pau, vareta, guincho, portões de aço,
Liberdade ou prisão, Grades de um hospício.
Deixo rolar o lirismo das horas altas
Envolta as correntes que se soltam.
Falo em línguas palavras já mortas.
Sou calidoscópio em preto e branco
Sou estereótipo do tempo que foco.
Largo pedaços e saiu porta a fora.
Num lado ouço um riso frouxo, agora
Do outro lado desfaleço, padeço.
Na esquina da rua atrofio, amoleço,
Nas curvas de mim relaxo, adormeço.