Casa de Madeira
Casa de madeira numa rua sem saída,
Numa rua larga, grande e deserta,
Madeiras finas com fresta.
A menina via o mundo e sonhava acordada
A espera do pai com pães debaixo do braço.
No fundo do quintal, bonecas eram enterradas,
Brinquedos eram esquecidos na terra ensopada,
Papai Noel xixado levado por uma nova criança.
Cadeiras na porta da casa de madeira, maciça?
Difícil encontrar o ponto, desarrumar o avesso.
Que bom fazer barquinhos de papel pra gurizada
Colocar nas poças d'água em dias nublados.
Velhos carnavais de rua, vivos e saudosos.
Mascarados de porta em porta pedindo dinheiro,
Mistura do sabor doce do colorido da infância
Com o ranço dos incertos dias.
Um dia passa a língua no ferro, no outro
Passou uma nova esperança.
Casa de madeira da Othon Corceiro,
Será que era assim que se escrevia?
Foi aos sete anos os históricos acontecimentos.
Estavam dentro da casa da rua com saída.
As paredes tinham sombras,
Grandes companheiras da noite.
Olhava para elas e...inócuas sombras temiam.
Todos os dias na porta da rua
Um homem de estatura mediana voltava ébrio,
Entrava na ébria casa de madeira,
O homem... tecia enganos, ela... tecia sonhos.