Anos Depois
Passo a mão na face da mentira,
Seguro firme o olhar para o ponto,
A cortina cobre o que gostaria de ver,
Sinto na ponta dos dedos a verdade,
Aperto a manhã com os dentes fortes,
Os olhos correm em direção dos gestos,
Busco adivinhar minúsculas partículas
E nesse momento a respiração oscila,
As paredes envelhecem e enrugam,
O silêncio é quebrado por uma arritmia,
O tempo engole tardes, abraça noites
e sufoca às madrugadas.
Os anos se vão sem que o vento traga
O que desejo ouvir. Prendo a respiração
Com o toque insistente da campainha.
Rebate falsa, tudo volta à estagnação.
Tantas mudanças a vida me reservou.
Saio às ruas, rostos, vozes e passadas,
Vejo-te em outros perfis semelhantes,
Reproduzo imagens na busca incontida.