À flor da pele
Faz escuro, sinto frio.
Tenho certeza nas dúvidas, duvido das certezas.
Hecatombe mundial: não deu nos jornais nem na TV.
Temo o desencanto, o desengano, o torpor.
O mundo está pincelado em branco, preto e cinza.
Tenho dor de cabeça, dor abstrata, mais real que cólica renal.
Não consigo meditar: me distraio. Na distração, me concentro.
Dói, de um jeito impossível de definir.
Não é solidão, não tem nome.
Não é dor de amor, amor não dói.
Dor na alma, dói meu corpo, dor de desamor.
Dor que trespassa a esperança: dói o sonho mal vivido.
E essa dor que não passa com aspirina: quando é que vai passar?