Todas as tardes
Eu fico pensando no que acontece com algumas pessoas. E no que acontece comigo. Tem uma senhora que quando eu era bem pequena, ainda conservo estas lembranças, ela já se sentava todas as tardes no mesmo banquinho na porta de casa. Eu cresci um pouco e todos os dias ela estava lá. Eu tive filhos e às 5 eu podia vê-la lá. Entrei para a casa dos quarenta e às vezes paro para prosear um pouco com ela. Ela continua lá fora no final da tarde, apreciando as pessoas e a vida. Ou talvez só vendo o tempo passar mesmo. Parece que é uma prioridade para ela, sabe. Hoje, antes mesmo de virar a esquina, já pinto esta tela na minha mente. Imagino uma pintura com os mesmos traços de Van Gogh, cores dramáticas e vibrantes. Uma tela que ficaria linda em qualquer sala porque retrata a poesia do cotidiano do interior.