Aceitação

...e todas as vezes que ela despencava no precipício, que era tragada pela morte em vida, somente o silêncio a acompanhava, silêncio estrondoso como o grasnar de uma ave funesta antecipando seu fatídico fim...

E sob o véu negro da dor, sufocada pela terra que sua alma sufocava, bradou seu último grito lânguido, como uivo, como lamento, essa rotineira jornada.

Sempre arremessada pelas rajadas de vento frio, da dor de seu coração sombrio, sempre jogada em todas as direções, sem nenhuma compaixão.

Mesmo diante da esterilidade dos dias, das palavras sufocadas, enquanto sua alma em desalinho gritava, o pranto se desfazia, nada mais sentia.

Se tornara um deserto, infértil

Em seu peito nada mais vingava

Seus sentimentos tornaram-se rosas murchas, dissecadas...e ao dissabor, sua alma entregava.

Cansara de lutar, de se enganar com a falsa alegria, aceitou seu destino traçado à sua própria revelia.

Estancou a ferida;

Bebeu suas lágrimas.

Criou seu epitáfio na lápide do coração...escondeu seus segredos,

vestiu seu pálido sorriso

E se misturou a multidão.