FERRO À BRASA
Telhado escuro que ia criando picumã, devido à fumava do fogão de lenha.
Cozinha grande e uma mesa de jacarandá bem no centro.
Na parede ao lado, uma estante cheia de panelas de alumínio reluzentes.
Em cada utensílio da cozinha, acompanhavam toalhinhas de saco de açúcar, com bordados e biquinhos nas bordas.
No fogão de lenha com sua taipa gigante, mantinha-se quente com um tronco incandescente e gravetos que iam formando brasas vivas.
No canto da mesa grande, havia um amontoado de roupas vindas do varal para serem passadas e guardadas.
O ferro era abastecido com brasas incandescentes e ia se deslizando sobre as peças de roupas amassadas que iam ficando como que engomadas.
A cada três ou quatro peças, o ferro era reabastecido.
Às luz das lamparinas, uma em cima do guarda-louças e outra cima do suspiro da chaminé, ao lado da imagem de São Benedito, as roupas iam se embelezando.
Na presença do ferro à brasa, quantos "causos" e histórias familiares eram contados nas noites em que eram passadas as roupas da família.
Ferro à brasa, quanta saudades!
Ferro à brasa, quem lhe viu e viveu no seu tempo, ainda sente-se aquecido pelo tempo colorido desse rincão brasileiro.
É isso aí!
Acácio Nunes