ENCRUZILHADA

A estrada era longa e caminhando por ela eu já havia atravessado todas as estações do ano, desde desertos lacerantes, quase mortais, á belíssimas primaveras, com cores tão vibrantes e fluorescentes, quase irreais.

Em meio á passos firmes e tropeços, pedras e nevoeiros, escuridão e medo, sol e sorrisos, até o momento, tempos vivenciando o calor ardente de um amor, constratavam com noites insones, castigadas pelo frio das decepcionantes lembranças de outrora, que ainda causavam dor.

Confiante! Determinada! Acreditava que o percusso mais difícil dessa estrada era uma batalha já superada.

Óh como eu estava enganada!

A vida ás vezes nos coloca em uma encruzilhada.

Á minha frente a longa estrada é conhecida e de terra firme. Já caminho por ela há algum tempo, em um campo verde bem bonito plantei uma árvore, a árvore da vida. Ela me deu um único fruto, lindo, perfeito, saudável. Plantei também flores admiráveis, brotaram e se espalharam por toda parte, mas, como tudo que é belo atrai a inveja, essas flores cresceram rodeadas de ervas selvagens e cheias de espinhos. Alguns pássaros fizeram ninho e borboletas sobrevoam, livremente.

Olhando para trás, vejo um caminho que já trilhei, andei, caí, chorei, aprendi, evoluí, floresci ... ás vezes, quero muito retornar, reviver, refazer, consertar... reencontrar aqueles sonhos de menina que por circunstâncias da vida se perderam por lá. Mas nesses pensamentos conflituosos, reflito...Voltar não é mais opção, seguir faz parte da evolução.

Ao meu lado direito tem um caminho reto e largo, consigo visualizar quase todo ele, se não fosse uma névoa de poeira existente. É de terra firme, batida, sem pedras, sem buracos. A vegetação é escassa, sem cor. O clima é constante, com pouquíssima variação. O silêncio é real, quebrado apenas por raros ventos fortes, quando fatores externos interferem. Por ele ninguém anda só, este caminho tem um guardião que se autodenomina razão.

Ao meu lado esquerdo há um caminho estreito e sinuoso, com uma entrada deslumbrante. Um arco de flores amarelas nativas que aos olhos encantam.

Desse caminho sopra uma brisa com perfume de hortelã, enquanto ecoam cantos de pássaros azuis, hipnotizantes. Há um aviso de perigo nessa entrada, devido as curvas acentuadas, impossível visualizar o final dessa estrada. Quem por ela já foi, diz não se arrepender, mas que coragem precisa ter. Porque essa caminhada é emocionante, com muitas flores e cores ainda nem sequer catalogadas. Com brisas, ventanias e muito calor. Quem for escolhida pelo guardião deste caminho, o senhor destino, será apresentada as lendas milenares dessa região. O vulcão dos magos e a cachoeira das fadas, que ficam lado a lado, um mistério pouquíssimo narrado. Quem conheceu, relata que tal sentimento e sensação nunca esqueceu. Sentiu na pele o calor efervescente do vulcão, o corpo de tanto prazer, ardeu em chamas de paixão, suplicando ao guardião do tempo que eternizasse aquela conexão, mas o tempo não parou. Logo, veio o mergulho imediato na cachoeira ao lado, uma imersão em águas cristalinas que tocavam a pele com uma sutileza rara, inundando os poros dilatados pelo calor, penetrando até o coração de quem mergulhou. O encontro com o amor!!!