Verdadeiro e caprichoso
Quantos viventes tentaram entender
O deus louco que devora os próprios filhos?
Foram tantos que não só tentaram compreender
como também quiseram impor-lhe empecilhos.
Foram muitos que quiseram
e fizeram de tudo para deter o tempo.
Retardar sua passagem, adiar o envelhecimento...
Evitar a morte, o sofrimento...
Mudar a sorte e até curar o esquecimento.
Mas ele não se desviou um só milímetro
da rota que traçou para si mesmo.
Ele não segue a esmo.
Vai traçando roteiros... Uns devagar, outros ligeiros...
Não se detém diante de nada...
Na sua esteira todos estão.
Apenas um É.
Pra quem tem fé...
Todos os outros passam com o tempo...
Viajam com ele...
E eu?
Ah! Eu também estou passando...
Sou vaidosa, não nego.
Mas o tempo do meu ego se encarrega
E da pele, do cabelo...
O espelho é a testemunha que não nega a sua passagem...
O tempo para mim é a verdadeira viagem...
Esse Titã não é sutil nem mentiroso.
É cruel, louco e caprichoso...
Mas só revela a verdade e com justiça.
Passa inexorável para todos...
Nada e nem ninguém o detém ou retém.
Ele voa... Escorre e se esvai...
Sempre em frente... Sempre igual!
Indiferente à tudo no seu ciclo natural...
Ai de quem precisar de sua piedade
ou ficar no seu caminho...
Ele atropela e não volta para prestar assistência.
Anda sempre sozinho...
Resoluto e imperioso segue...
Enfim! Passar é sua essência...
E passando está!
Senhor de tudo, de mim e de si.
Absoluto!
Até o fim.
Adriribeiro/@adri.poesias