Ode ao Soneto

A tentativa de criar um soneto é um momento de pura ousadia. Instigada pela conquista que sorri enamorada, no ar rarefeito em poesia.

A imersão na inspiração desta arte é como tomar uma bebida em um cálice do mais fino cristal. O paladar é do vinho por pura excelência apurado.

Os dedos precisam ser leves como a pena de um rouxinol. No canto da ave que embriaga em gorjeios matinais, das mãos despertam as canções dos momentos amorosos.

Os olhos precisam ter a luz plácida como as águas de um lago das terras altas. O brilho do momento de um crepúsculo no tom perfeito. O olhar registra apenas o céu interno no azul do intelecto, dando a sustentação apenas do momento.

Os lábios precisam estar úmidos com o néctar dos deuses para balbuciar rimas que suspiram o êxtase. Os sons idênticos caem como soluços que deslizam da língua um romance em segredo.

O coração precisa pulsar em harmonia como o silencio em um campo de trigais. O vento recolhe os perfumes da inspiração que chegam dos recônditos cantos do âmago. Os aromas das fronteiras trazem o cereal da excelência esquecidas no arquivo coletivo dos Mestres. No soneto o magma é magia nas mãos do Poeta.

A mente tem que transportar-se ao Olímpio. A alma logo no título escapa desgovernada para os campos dos quartetos e tercetos. O corpo estremece em ondas de puro prazer nas doces baladas. A mente dança assim no templo de Atenas. Nos braços e compassos de Apolo. Quando capta Zeus dando o tom perfeito de uma harpa no momento que a Lua no céu, sorri conquistando Eros com o amor de um verso.

O som da lira cai assim como estrelas da madrugada em gotas de sustenidos, de um sentimento único e purificado , a consagração se faz no último terceto. O ápice assim se consuma em luz de uma única estrela na última estrofe do soneto.

A criação de um soneto é como atingir a ala nobre de um palácio. A viagem no tempo da história, levando para torre a liberdade intrínseca do ser em colisão com as regras implacáveis, da majestosa arte. Na criação se vence a guerra das colunas poéticas sagradas da alma venerando a arte maior...

O Soneto

...............................

Ode ao Soneto

Usina de Letras

(08\11\2006

Marli Franco
Enviado por Marli Franco em 15/05/2021
Código do texto: T7256169
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.