O Piolho

Cansado dos meus dias de pulga,

tomei a forma de um piolho.

Contrariando a preferência da espécie,

instalei-me em um abrigo de

madeixas formosas.

Com muito esmero,

preparei uma cama confortável entre

os fios e pernoitei como um rei.

De manhã, com tantas opções atrativas a serem

exploradas, materializei o veículo

guardado no inconsciente daquela mente sedutora e

parti rumo ao deleite.

Percorri as linhas de expressão e me encantei

com a aurora boreal ocular que, por algum

motivo implícito, transformou-se em cachoeiras.

Saciei a minha fome com o mel

das palavras ditas com paixão a alguém

de identidade secreta.

Num momento de alegria, superei o terremoto

de um sorriso, e sobrevivi à tormenta de um espirro.

Mais tarde, aventurei-me nas dunas voluptuosas

que soterravam o inconstante coração; as areias

trepidavam como se ocultassem um vulcão.

Ao entardecer, banhei-me nas águas

mornas do lago umbilical,

contemplando as marcas permanentes

do procedimento iluminado.

Continuei seguindo ao sul…

E ao cair da noite, fiz uma cama na

entrada do túnel de pista escorregadia que dava

acesso às sensações mais extraordinárias.

Renato A
Enviado por Renato A em 15/04/2021
Código do texto: T7232950
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