O bêbado e os cães
Sentou em frente ao portão da vizinha
Numa mistura dolorida e engraçada
Cantou em seu modo atrapalhado
Com palavras atropeladas
Em coro com a cachorrada
Seu público dileto
Dois cães vira-latas
Mais cuidados que o próprio dono
Seguiam atentos a cantoria
Quando a vizinha descontente
E nada gentil, pediu que fosse embora
Seguiram ele, os cães
A cada passo cambaleante
Paravam, respeitosos e atentos
Seguindo pela rua com seu canto ébrio
Ecoando por entre os muros
Suas dores e sua fome.