CASA DE TITIA INÊS

Hoje, depois de muito tempo, eu passei pela estrada do areião,

Bem perto do bairro do Barreiro.

Quase no final da reta da baixada, logo depois da moita de bambuzeiro,

Avistei a casinha barreada, ao lado esquerdo da estrada por onde eu estava passando.

Toda deteriorada pelo tempo, o matagal tomando conta de suas paredes já detonadas.

As janelas abertas, sem tramelas e sem fechaduras, umas caídas e outras ainda fechadas.

As paredes barreadas com tabatinga branca, agora nem tem mais cor, apenas buracos

Pela falta de terras que cairam, deixando apenas as grades de bambu.

O telhado todo de telhas de bica, pretas como carvão, devido às chuvas e tempéries dos anos,

Ainda sustentavam as chuvas que sobre elas derramavam durante o verão.

O terreiro de terra vermelha que sempre era bem varrido, com as margens bem floridas,

Agora sustentava muito mato, assapeixes, rabencões, ervas lancetas, moitas de barbas de bode e espinhos de joá.

A água que descia pelo canal feito por titio pela beira da restinga não existe mais. Apenas braqueara e chão duro de tanto o gado passar.

A entrada limpinha e florida que dava acesso à estrada principal, somente pasto e um cupim bem próximo de onde era a porteira de bambu com as travas de taquara.

Na beira da estrada uma cerca com cinco fios de arame farpados bem esticados,

Mais parecendo um cabo de aço puxando uma locomotiva enguiçada.

Olhando para aquele cenário,

Um filme passou em minha mente.

Quanta alegria era aquela querência de titia Inês.

Crianças correndo e brincando, titio Onofre sempre concertando sua bicicleta.

Titia lavando roupas, fazendo comida e um rádio sempre ligado a nove de julho.

Quanta saudade me deu.

Liguei o carro e deixei esse novo cenário para trás,

Preferindo manter aquele de outrora.

É isso aí!

Acácio Nunes

Acácio Nunes
Enviado por Acácio Nunes em 20/03/2021
Código do texto: T7211532
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