Corrosão

Eu li o amor

Mas não vi o amor

Vislumbrei, vinvenviei

vi o amor nascer, crescer em mim

apenas em mim...

Nas ilusões criadas pela miopia

das emoções, perdi meu norte

mergulhei no abismo frio da solidão.

Vi o amor ao longe, acreditei ser um novo horizonte, mas era além do que minhas mãos pudessem tocar, era um universo intocável, impossível de alcançar,

ainda assim o toquei com a alma.

Eu, tão insana em minha eterna busca,

vi o amor se afastar, enquanto em meu peito ele continuava crescer, incessante pulsar.

Eu vi, juro que vi o amor pra mim sorrir,

Eu o vi, criar raizes, se apossariam de mim...eu o li como uma estória sem fim

um amor grandioso, amor de quimeras, incompreendido, descomedido.

Amor que morou na alma

Nos poros

Nos meus sentidos

Amor que habitou em mim como um clandestino.

Ave de rapina que não conhece paragem,

que faz pouso em tantos lugares

um amor que arrombou as portas que estavam trancadas, no meu leitos em meu peito fez morada.

Confessou que veio pra ficar... e no dia seguinte partiu pra nunca mais voltar.

Resta-me as palavras húmidas

entrelinhas confusas, entregues a corrosão do tempo, emudecendo os sentidos, e o grito incontido.