Acocha, minino!

Estatelado no sofá,

Olho para o teto,

Ouço os pingos da chuva rolando no telhado,

Miados esganiçados de gatos zombam de minha concupiscência,

As caixas de som entorpecem meus tímpanos com a batida da zabumba, com o gemido harmonioso da sanfona e o tilintar do triângulo,

No terreiro, cai o sereno,

Coxa entre coxa,

Acocha, minino.

Minha mente passeia pelos confins do Cariri,

Onde a saia pinçada da moça morena rodopia até a cintura,

Meus olhos visitam sua indizível sensualidade,

Pingos do colírio Santo Veneno,

Dominguinhos, Gonzagão, Waldonis e tantos outros balançam o pé de serra;

por que as fivelas das alpercatas não podem deixar de ser areadas pela poeira do forró.

Acocha,

Justo feito boca de bode,

Coxa de Zefinha,

Roça, roça,

Num afrouxa,

Chama no curé,

Coxa de Severino,

Num de deixe que a mocinha virgem vire carocha,

Forro de serra,

Balança quadril,

Farra de pé,

Para o ar,

saia sacode,

Dança quem pode,

Acocha, Minino!

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 31/10/2020
Reeditado em 01/11/2020
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