Pedras no caminho...
Havia uma pedra no meio do caminho, no meio do caminho havia uma pedra. (Drumond)
Haviam tantas...
A pedra da rejeição... a primeira, juntei! Com esta, a pedra da dor.
Depois destas, muitas encontrei!
A pedra do ciúme, senti. A da inveja, invejei.
Na pedra da arrogância tropecei, caí, machuquei.
Atrás da pedra do medo me escondi, disfarcei.
A pedra da intolerância recolhi, depois joguei.
Assim como recolhi e joguei a pedra da afetação e, guardei por longo tempo as pedras da culpa e do ressentimento.
Sofridamente, carreguei as pedras da tristeza e do desamor.
Drumond não falou que haveriam tantas...
Nem tampouco o que fazer com elas.
Muitos caminhos pedregosos trilhei.
Apedrejei e deixei-me apedrejar.
Na travessia incontáveis pedras.
Sofridos pesos... esbarrões, tropeços, quedas, desvios, cansaço.
Absorta, algumas não reparei entre o pedregulho.
A vida foi gentil comigo, antes que o efeito Medusa me petrificasse, mostrou-me: ainda há caminho, ainda há pedras a encontrar...
Hoje encontro outras que me ensinam a lidar com aquelas.
Seja livrar-me de algumas, seja lapidar outras.
Admirar as que despercebidamente, ficaram entre os cascalhos da bagagem.
Seja, juntar a estas, outras tantas...
A pedra da humildade, a do perdão, a do amor. A pedra da esperança, do sonho e, a pedra da coragem.
Desejo juntá-las todas, e junto à pedra bruta do meu ser, entregue ao cinzel me deixarei esculpir.
E, minh'alma por fim, será um ser liberto!
Livre como um grão de areia que rola em meio a tantas pedras e, livre permanece,
Livre também serei!