O lugar onde os poetas morrem
Assim como qualquer pessoa, um poeta gostaria de morrer e ser cerimoniado, para que seu corpo de acordo com a fé de cada um, posso ser purificado e descansar em paz, mas os poetas, os verdadeiros poetas, digo sobre Drummond, Cecília Meireles, no internacional Allan Poe, talvez esses, todos nós, poetas de verdade, morremos em vão!
Em vão, pois deixamos amores escritos em pedaços de papel, que ao lerem no futuro, irão destorcer todos os nossos sentimentos ali descritos, assim acontece com todo escritor, não há escape.
O lugar de descanso eterno para um poeta é um lago em meio a muitas flores de lavanda, também há cedro, e é ali que todo poeta morre, pois é ali que ele encontra o infinito, é ali que ele sabe que a própria luz do sol, abaixo do lago, é turva e distorcida.
Não só um ótimo lugar para morrer, mas também para chorar, todos os poetas sentam e ali permanecem até que tudo possa se resolver, porque ele não sabe dizer ou agir, o poeta perde verbos e fica com os substantivos, é só fazer as contas quantos verbos e substantivos você encontra num bom poema de Carlos Drummond de Andrade, só não vale um convite triste!
Talvez flores, flores acalmariam a alma do poeta que morreu naquele lago, por egoísmo puro, perdeu o verbo amar, em troca ganhou o substantivo morto.
- perdão - ouve-se sussurros as margens do lago - Perdão!