A árvore janela do ciclo da esperança


Fiquei em silencio com os olhos abertos por dentro de uma janela com ferragens na borda dos trilhos, impedindo abri-la, o tempo causa esse desgaste nas coisas, e outras passam desapercebidas, um momento que preciso estar quieta no canto, sombreado de alegrias vividas nas cortinas da vida. Elas balançavam com o vento no fim da tarde, o calor intenso parecia derreter o resto da casa pintada de verde musgo. Semelhante aquela árvore da avenida Borges Figueiredo no centro do bairro mais antigo da cidade, suas raízes centenárias expostas beirando o asfalto; como poderia ela sobreviver se as raízes não eram profundas. Ela esta ali, sobrevive o progresso, as industrias, e conhece os rostos que passam por anos na mesma calçada que ali está estagnada, parada a tantos anos.

Cheguei a me sentir como ela, queria ter a profundidade das minhas raízes, conhecedora dos rostos que passaram meio século na minha calçada, rostos que escondiam suas tristezas, ou mesmo alegrias, elas sim são profundas, ninguém vê, ninguém toca, como as janelas que enferrujam, os sonhos parados não ganham pintura nova, sobrevive ao tempo de chuvas, sequer molha sem ferir mais um ponto invisível, que vai ganhando corpo, e a mancha vira uma ferida com o tempo deixando sem vida oco no tronco. As cortinas levam e traz o vento, vento a refrescar a memoria, e uma vida atrás de uma janela, a árvore no seu habitat não muito natural com raízes expostas ganham minha admiração, quanto lhe custou o engrossar de suas raízes? O preço não fora pechincha, ou qualquer moeda corrente. Não havia pedido ou sonho a garantir que suas folhas não crescessem, mesmo solitária, a vida lhe deu espaço, um pouco apertado na avenida famosa.

Formosa, com raízes invadindo o asfalto que dela fora tirado o espaço, por sorte nenhum voluntário havia lhe cortado, sua sombra na tarde de sábado mais um no calendário de tantos outros, protegia seus galhos, e de quem estivesse á sua sombra, a chuva nao chegaria tão forte, nem o sol escaldante queimaria a pele do ser pensante naquele momento que suas raízes apenas dizia, sou forte, resisto e continuo crescendo. Creia, as minhas raízes requer o sol, a água da chuvas. As noites de estrelas e luas, a minha janela esta tão alta que o calor trespassa a vidraça, e o vento acaricia minha pele quando o calor do meio dia está em alta, um pequeno ser esverdeado encosta na borda da janela, corpo de folhas. O mesmo que encostou nas esperanças da árvore; e ela veio me ver pousando na minha janela.

Eu e a árvore, medimos o mesmo espaço no interior de nós, contando que o vento não venha a cem kilometros por hora, para não arrancar da terra, a raiz espessa, continuar a respirar o ar da atmosfera que a faz viver e sonhar no mundo de décadas através da janela da alma, soltei a esperança com a vontade louca que abra suas asas e ganhe espaço, e esta com suas asas no tempo, meu tempo onde ela nasce, cresce, procria e morre, renovando nosso ciclo, desvendando o mistério de que a esperança é a ultima a morrer, ela morrerá, quando nos sentimos só e abandonados, logo, outras crias perpetuando nossa esperança, finda quando nossas vidas forem extintas .
isis inanna
Enviado por isis inanna em 16/09/2020
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