Recursos insanos

Ligue o computador, finja estar interessado.

Gaste o líquido lacrimal entre os pontinhos binários.

Colorações importantes entrecruzam-se em posições quadriculares.

Elucide os problemas urgentes, entretanto, desinteressantes.

Papeizinhos ganham texturas de impostos bancários,

vangloriemos a eterna arte das cobranças!

Assine, carimbe,

preencha os fragmentos de tempo,

musa das tributações,

esqueça-se das pessoalidades.

Fique recuado atrás dos postais,

acumulados, pesam por cima da tábua onde não cabe poesia.

A garganta resseca outra vez,

Beba água filtrada, todavia, frequentada por insondáveis verminoses.

Artrose,

lordose,

escoliose,

companheiras da escritura.

A nuca gélida recorda o ambiente artificialmente climatizado.

Esqueça os sonhos febris,

os momentos mínimos de vida irreal.

É inapropriado emitir os sons da resina cervical,

não se dê o luxo de ver as coisas em perspectiva.

Chegou o desejado meio-dia,

hora oportuna de despejar os futuros excrementos,

almoço emudeceu, intervalos são relâmpagos.

Obtenha experiência,

impossível carregar uma coluna serviçal.

Encaminhe os contracheques,

indique aos outros geograficamente,

no papel,

onde devem escrever datas e nomes,

faça-os lembrar de seus sobrenomes.

Volumosos números,

os dedos raspam o couro em estado de calvície.

Enumere rostos,

tecle às inúmeras paixões da instituição,

empalideça o rosto da máquina,

sinta temor,

imite o latido de um cão.

Daniel César. Natal - 2015.

D César
Enviado por D César em 16/09/2020
Reeditado em 16/09/2020
Código do texto: T7064572
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