E semântica é....?

Numa noite em que todos os gatos são pardos, aos ladrões só restam a sorte e a distração de suas vítimas. Porém, e em oposição a esses, um outro exemplar de gatuno, desses bem expertos e cientes de seus dotes, se aproveita de igual distração da vítima e lhe aplica o fatídico golpe. E a donzela, pobre donzela, do imediato instante que fora atacada, nunca mais se verá livre dos arroubos amorosos daquele infame (e atraente ser) que furtou seu coração. Assim, o que difere o primeiro do segundo ladrão, pergunta a plateia o professor perante a assembleia dos alunos ávidos por respostas. Decorridos alguns minutos sem resposta, o professor, ao se preparar para seguir com a conferência, nota um braço erguer em sinal de responder a questão. Franquiada a jovem a palavra reivindicada, a discente argumenta que o exemplo não se aplica, pois, o primeiro ladrão furtara um bem material, uma propriedade de outra pessoa. Já o segundo, continua ela, é um roubo metafórico. O ladrão em questão roubou o coração de alguém. Sim, é verdade, conclui o professor após ouvir a jovem, mas... não é roubo do mesmo jeito, digo, não tomou de alguém algo que não lhe pertencia? Veja, continua, estamos falando de furto, a coisa furtada pouco importa; o que pretendo demonstrar que a semântica aqui assume papel central. Assim, furto é furto, não acham? Todos riram e pararam para um cafezinho.