Antologia Fim de Mês
Os Cornos Rugem na Madrugada
É noite,
Breu soturno,
De uma madrugada velha,
Banhada pela nova paranoia de um insone.
Fecho os olhos,
O teto do quarto maceta minha mente;
Arrepiado,
Arregalo os olhos,
Não vejo nada.
Fecho os olhos,
Fantasmas precipitam para cima de mim;
Abro os olhos assustadiços,
A casa vazia pede silêncio para dormir.
Fecho os olhos,
O fel corrói minhas vísceras;
Num sobressalto, abro-os,
Sou cuspido contra as paredes pelas plantas carnívoras.
Fechos os olhos,
A Covid abocanhou mais uma leva;
Abro os olhos,
Não vejo nada.
Fecho os olhos,
Aurora lá fora;
Abro os olhos,
Ossos moídos e sentidos calcinados.
Por pior que seja o alimento,
Que os meus sonhos sejam sonhados na clareza do dia;
Impossível ressonar a paz,
Na escuridão das noites fecundadas pelo tormento.
Os bens materiais e os problemas psíquicos que Eu invento e os tenho como amigos,
Acabam por dominar-me;
Com olhos arregalados e avassaladores,
Mandando em mim.
"Deus sabe de todas as coisas"; só não confidencia antes do acontecimento, mas certamente, "sabe de todas coisas".
Mamãe Solo
Por contemplar o belo,
Envolveu-se com Apolo,
Recebeu de presente Adonis,
Vovô e vovó nina-o,
No berço e no colo.
Moderna,
Ao invés de mãe solteira,
Puta delinguente,
Deus, Pai de todos os órfãos de papais,
Até dos hijos da mamãe produtora independente.
De vez em quando,
Um eclípse,
O Planeta segue a passos largos em direção ao abismo de...; ao abismo de...;
Pétalas de flores?
Os geometras recomendam aos que não conseguem arredondar uma circunferência,
A feitura de uma mal construída elípse.
Fim de mundo,
Baforada do dragão,
Línguas de fogo,
Está escrito em Apocalípse.
P.S.: despertar 4h da matina; comedor de marmita fria, às 11h; lavador de pratos e banheiros, batedor de picareta e enxada em solo árido, balconista e carregador de pacotes de sacos plásticos nas costas, vendedor de flores nos semáforos das Av. Rebouças com Faria Lima; e agora, essencial nas covas.
O leitor pode perguntar: quem é, e quem foi esse asno infeliz? Investidor na beleza e na gula de gente, assim me fiz no passado.
Atualmente, plantar gente, por hobby faço! Tristeza, cansaço e adversidade, jamais; pois, encontrava poesia, risadas e facilidade, até na dificuldade.
Antigamente, existiam duas propagandas que prenunciavam o futuro do país, não menos dos brasileiros: "o que é bom, já nasce, ...; abra sua cabeça, beba...". A última, quem fazia era o Guga.
Naquele tempo não havia quarentena de mais de 100 dias, Covid-19 corroendo inteligências e tutanos, 600 ou 1200 pratas em louvor à vagabundice, e sim, trabalho árduo, pesado e honesto; afinal, expostos à seleção natural, apenas os fortes sobreviveriam. Atualmente, vivem 70 anos de olhos abertos, porém mortos de iniciativa emotiva para a vida; afinal, o labor de trabalhar, dá trabalho. Agora no sistema inglês, home office, a coisa ficará ainda melhor. Aguardem!
Existem várias maneiras de vislumbrar o sucesso ao longe, contudo, apenas duas são suficientes e garantem a segurança até o destino. Primeira: ao passar por trilhas estreitas em matas densas, é imprescindível olhar para o chão e caso