Um desabafo do Destino

Certo dia o Destino ficou triste, por ser tão incompreendido, mal interpretado. Ele que tentava salvar a tantos de maus caminhos, que trariam seus próprios desastres. Porém as pessoas só conseguiam enxergar o que ficava para trás, e aquilo sempre lhes pesava como uma terrível perda. Como resultado, culpavam e amaldiçoavam o Destino, miserável. Não suportavam as incertezas, não tinham paciência e não confiavam que pudesse existir um futuro melhor. O Destino sabia que os fazia sofrer. Mas também sabia que esse sofrimento passageiro era necessário para evitar aquele duradouro, derradeiro. Ele planejava cada detalhe das alegrias que estavam por vir. Preparava um caminho de aprendizado, que levasse à maturidade. Mas, tão criticado que fora, o Destino passou a recear as reações que geraria. Tinha ciência de que esse caminho que planejava não era fácil e já não enxergava disposição naqueles a ele destinados. Deixou que escolhessem. Já os havia salvado. Cabia a eles agora decidir o próximo passo e optar pelo caminho com destino maravilhoso, repleto de conquistas, relacionamentos saudáveis e uma linda história a ser escrita. Mas estavam tão focados no que haviam perdido que foram incapazes de seguir em frente. O Destino até pôde salvá-los de alguns desatinos. Mas não pôde salvá-los deles mesmos. E aquele caminho que ele havia minuciosamente idealizado foi trilhado pelos poucos que souberam aprender as lições que o Destino tinha para ensinar.