seria Quietude?

Ah, se não reverberasse amor! Este quê que entontece até gente sã, rebuliça indivíduo bom e Maria bonita, faz besuntar conceitos e depurar qualidades, diluir defeitos, colocar argamassa nas razões, deixando as pontas de fora, porque não importa mais.

Ah, se não reverberasse amor nas entranhas, a poesia não ressoaria romance, a caída d ´ àgua da cachoeira não daria seu recado, nem os trejeitos e passos da elegância faria sentido para aquele que vê.

Não caiu em desuso a esquisitice de sentir amor, por mais absurdo que possa parecer.

A soberania da tecnologia e da cibernética, o digital e coisa e tal, não tem substituído o arranque que dá na Alma quando esta sintoniza com a frequência do amor.

Daí, o passarinho que canta pela manhã todos os dias, no mesmo local e hora, não canta igual.

A máscara e o álcool em gel sentidos permanentemente nas narinas, o convívio com o pavor e o horror, a agonia e o medo de contaminação e da disseminação de doença que impregnou a consciência coletiva, tem dizimado o sentido maior, que é a quintessência, a sintonia do amor à vida, que está por aí circulando para ser apropriada.

Frequência que apossa do ser , impõe o ritmo, leva a vontade à submissão do destino, que é viver neste mundo, mesmo que pareça sina.

A quietude? Somente no canto onde a Alma degusta do menu, vida.

Palacete secreto, seleto, vive do silêncio, aquele que leva a consciência manter-se desperta para selecionar o útil e o descartável.

"Trupicando”, aos trancos e barrancos, mantém-se no caminho do meio. Fio da navalha, espada que corta pela direita e pela esquerda, no ritmo do coração.

Até que a tristeza, a aflição, o desespero e a precipitação, vai ficando cada um no seu lugar.

Quando chegam, ficam pouco, não encontram espaço para morada.

A condenação da Alma ser gente neste mundo, sem direito de resposta, perde a condição de ser.

O hoje é o que importa.

Amanhã? Deus proverá.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 10/07/2020
Reeditado em 10/07/2020
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