Consciências II

Mais um domingo

... e já é 5 de julho de "2020 dc". Um ano horrível que está passando rápido. Meu egoísmo me impede de ficar de luto por cada vítima inocente de mais uma estupidez humana. Eu já estou de luto pela vida. Não preciso chorar ou lamentar a morte de quem nunca vi. Basta saber que existir é um sopro. As velas já estão acesas na noite longa.

Mais uma segunda

Amanheço. Penso que antes de ir dormir, achei que não conseguiria. Gata querendo sair (sem eu deixar. Não é hora de idosa passear na rua). Pai assaltando a geladeira. Mãe indo ao banheiro.

Confundo a luz do poste com a aurora do sol.

Abro a janela pra tirar uma foto. Me decepciono, me sinto ridículo. Ecoa um aprendizado.

"Não tire fotos antes de viver o momento."

Mas é uma sensação de segurança, de guardar alguma coisa do tempo...

A esperança de uma barriga menos feia

Nosso deus sacana me deu uma autoconsciência exagerada e uma barriga feia pra lamentar. E deu corpos esbeltos para os outros homens, que invejo e desejo. Agora, tenho a esperança que terei uma barriga menos feia se for disciplinado e fazer os exercícios direito. Mas pálido e meio doente, eu nunca vou deixar de ser... ou parecer.

Filmes de infância

Tenho barba, 30 e poucos. Mas ontem vi Aladim pela primeira vez. Filme de 92. Daquele tempo que eu era nada, que eu não tinha espelho pra ver os meus defeitos e angústias. Me emocionei com as cenas românticas, também as de superação. Assim como o final de Pocahontas. Odeio pensar que faço parte de uma geração. Não me gosto como parte da geração " milenial". Todo rótulo já vem lacrado. Não sou este simplismo.

... esses contos infantis podem ser tão cruéis. No final, a bondade sempre vence. Então, acordo do sonho de 1h30min e vejo que os nossos supostos heróis, do mundo real, já se dão por vencidos antes de lutar. São mais como o Shun do que como o Ikki. Seria ótimo se fôssemos metade de cada um. Saber ter compaixão, mas também saber dar o troco na mesma moeda e com estilo.