Minha Terra t(r)em...
Gênese
As nascentes brotam das profundezas do seio da Mãe Terra,
E borbulhando, girando, movimentando-se, ininterruptamente pela ação da gravidade,
Brinda-nos com as belezas de seus olhos d'água e fantasias subjetivas.
Ao longo do percurso, despenhadeiros, lajedos, regatos, represamentos e sistemas de irrigação naturais, vão sendo construídos.
Uma vez que iniciou, se não houver mãos hospedeiras e predadores, Ela finda suas obras.
Por si, só, o processo de transformação natural é autossuficiente.
Raízes
Dos penhascos e alcantilados,
As águas chorosas deslizam nos despenhadeiros,
Gargalhando de árvores e rochedos,
Que não saem do lugar,
Para acompanhar-lhes.
Galardão
Leve feito pluma que não se desprende do vento,
Minha mente vaga,
E ao contemplar o arrebol colorindo o céu ao entardecer; ou ao amanhecer,
Ouvindo a placidez e murmúrio das águas do mar,
Aprendendo cantar as notas melodiosas dos pássaros e aves semeadoras,
Ao contar estrelas no passeio dos olhos no negrume noturno,
Caminhando por estradas e campos inóspitos, floridos e solitários,
Meu corpo, minha mente e a Natureza,
Fechamos um campo de circuitação magnética, denominado Harmonia.
Poesia de porta de geladeira,
É água em pote de barro translúcido,
Pelas vistas do sedento,
Vista.
No copo, não derramada,
E pela boca,
Não tomada.
Agônico
Traga-me uma caneta,
Um pedaço de papel em branco e um copo d'água,
Tenho sede de resiliência,
E essa sede pode me matar!
Fim
Os meandros não foram suficientes para desvencilhar de mãos,
Vorazes mãos que buliram na fonte,
Liquidaram a empatia e generosidade,
Deixando o mundo carente de poesia,
Água e solidariedade.
Brasiluso
Aquarela Luso-Brasileira
Veja isso;
Ouça aquela.
Leia Eça;
E pergunte o Mário:
"Ô gaúcho que escafedeu-se, fantasma da literatura brasileira que não existe mais, Tu sabes onde é, ou vistes a quitanda do Queiroz? Preciso comprar laranjas".
Depurativo
Fito as águas;
Elas me vem rolando,
Passageiras,
Marulhentas,
Ruidosas,
Límpidas,
Silenciosas,
E vão levando os marulhos barrentos,
Devaneios meus em pensamentos.
Por um tempo,
Eles são como as águas,
Que oram ao Criador,
Para trazê-las de volta à terra,
E assim,
Pintar de verde as pastagens,
Engravidar os grãos,
Colorir as flores,
Alimentar vidas.
Pensamentos e recordações são as portas e janelas da alma,
Revelando o tempo,
Uma Era,
Que passou,
Já era?
Ás vezes voltam fitar as águas!
Tangencial
No volante, sou responsável,
Confiável;
mas nas curvas de uma mulher,
derrapo em qualquer mínima tangente.
Deu bobeira,
Perco a cabeça,
E mergulhado de corpo e alma libidinosos,
Em fontes de águas cálidas,
Entranhas sinuosas.
Nem sempre os números governam os exatos,
Pois, em tudo,
Está a avaria do produto,
Alterando o resultado final.