Milagres Familiares
 
E vãos se abrem como se você fizesse parte das pequenas coisas. Como se tudo permanecesse igual ao início dos tempos.

Mas não tempo igual. Cada tempo um tempo, um pequeno ciclo de idas e voltas. Eu não sei se estou indo ou voltando. Já terrerei pra saber, mas as conchas estavam contra mim.

Nada souberam dizer que acrescentasse ou desfizesse alguma coisa. Se sou parte, então estou adiante.

O que atormenta é não saber conversar com as datas e delas saber coisas mágicas e outras nem tanto.

Se sou parte do encanto, sou parte do milagre e de suas coisas: como o vento ou o amanhecer. Se sou parte, divido por igual meus anseios e dúvidas. E dúvidas, tenho muitas.

Mas, neste caos interior que invade todo mundo, a gente começa a perdoar os outros, a dar pão e abrigar, com nosso sol, o próximo e os próximos dos próximos.

Então, com o tempo na cara da gente, a gente começa a fazer parte do mundo e tenta entender alguma coisa.

E por falar nisso: alguém entendeu alguma coisa da vida que está passando?

Por mim, digo que não. Meu único abrigo é perguntar por que ela voa ao vento e se dirige para alguma terra. Desejo meu: terra de tendas de ouro e milagres familiares.
José Kappel
Enviado por José Kappel em 07/06/2020
Reeditado em 09/07/2020
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