Septuagésimo nono dia.
"A quarentena de um poeta"
Septuagésimo nono dia:
Em meio a tantos conflitos, iniciara-se a primeira fase do desconfinamento da cidade maravilhosa que tivera em suas praias o furar individual das ondas do mar, o início de uma nova temporada dos atletas e as celebrações religiosas a contradizer o cuidado com a formação de ajuntamento que mesmo se fosse por pouco tempo daria ao lépido inimigo que estivera em alta nos seus ataques uma maior precisão.
O resultado não era de imediato, seria necessário alguns dias para que uma seletiva massa fosse testada.
Era como se uma mancheia de ovelhas fosse lançada ao lobo solitário que trucidara suas vítimas a deixar escapar as mais saudáveis enquanto que os caçadores o aniquilasse. Seria sacrificar parte de um rebanho que produz a mais resistente lã em troca de uma alta produção de leite das jovens ovinas. Eram imperdoáveis os acontecimentos torpes ao redor da pandemia a colocando em segundo plano, o que confirmara que a vaidade da supremacia valera muito mais que a solidariedade.
Um retroceder à época antiga desde a origem do machado de madeira inquebrável do império romano a passar pelo movimento antidemocrático de um líder italiano a chegar no tio das Américas que com o seu governo totalitário exibira o feixe sobre sua cabeça a querer intimidar a democracia com sua retórica mentirosa de reverência a Deus.
A postura cruel e arrogante do empresário que sentara na cadeira mais alta do continente americano era endeusada por alguns de seus seguidores brasileiros que não conseguiram interpretar a etimologia da palavra "fascismo" e sua história.
O nosso líder batera no peito a dizer que copiara as atitudes do seu amigo a se queimar diante de seus próprios aliados, pois o que acontecera sob o olhar do planeta fora a ocisão de um ser humano de cor preta pelo poder branco e racista.
O toque de recolher não fora respeitado e houve vários incidentes a culminar em mortes, todavia houvera uma contradição que sensibilizara o mundo: um grupo de policiais brancos a se ajoelhar diante da multidão liderados por um oficial negro.
O símbolo do fascismo
A soma dos feixes
É o sinal do autoritarismo
Desde a hegemonia de Roma
Que decretou o fascismo
A traspassar os séculos
O martelo de lâmina nobre
Decepava os cabeças baixas
A mutilar os sonhos do pobre
Houve a guerra segunda
Que ressuscitou o déspota profano
Venceram, contudo, os aliados
E fuzilado foi o tirano
Hoje, é o machado de madeira
Que capina a mata
Por ordem do magnata
Que o mundo odeia