Sexagésimo quinto dia

"A quarentena de um poeta"

Sexagésimo quinto dia:

Não teria como saber o número de pessoas alcançadas pelas garras ocultas do inimigo. A subnotificação poderia abafar um valor enorme do verdadeiro desastre.

Houvera pessoas adeptas ao achismo que distribuíram comentários pobres sobre o mal que nos atingira a nos dizer que os dados eram mentirosos, pois caíam na conta do invasor outros milhares de óbitos e que o chefe tinha sempre razão a esquecer que o subordinado não era obrigado a cumprir ordens manifestadamente ilegais.

Um suspeito de ferir a nossa sociedade representou algo grave contra o elegante administrador do estado da cidade aglomerada a suspeitar de dígitos acrescentados na contagem dos extintos. Era mais uma estratégia e que fora acatada pelo imortal órgão público.

E mais uma vez eu torcera pela lição nos patifes, fosse réu, fosse acusador.

Outro assunto do dia era sobre a pasta da saúde que ficara verde, pois alguns militares receberam méritos a ser nomeados para dirigirem altos escalões a ter a primazia de atuação, o que deixara os oficiais mais conservadores a desaprovar o ato.

Seria uma ruptura do perfeito trabalho dos três vértices da nossa segurança nacional e caso o resultado do uso da droga desejada fosse uma catástrofe, mancharia a imagem preservada da instituição.

Uma reação adversa de alguém levemente ferido poderia ser um resultado culposo, a ignorância do assinante poderia levá-lo ao óbito e aumentar o número que eles tanto contestaram.

Qualquer médico que assumisse a cadeira de mediador da saúde talvez não tivesse a intenção de ferir o Código de Ética Médica e este seria a pedra no coturno do oficial mor da nação.

Enquanto em nossa terra houvera uma divisão de conceitos sobre quem estava a nos abater, no outro lado do mar do Atlântico, os lusos tiveram medo de voltarem às ruas, o que provara o sucesso do combate ao obscuro assassino internacional.

Eu possuíra a convicção que estava a fazer a coisa certa. Estivera confinado a ser mais um elo da corrente dos que preservaram a vida, observara a contenda dos odiados e chegara a conclusão que o sacrifício era algo inútil e que todos mutilariam seus próprios sonhos por deixarem sua mentes vulneráveis a tomada da busca contante do prazer.

Os odiados

Na guerra todos se odeiam

Não há vencedores

Existe a derrota,

O troféu dos atores

As ideias se apagam

À faca, o povo se atraca

Corta-se a unidade

E há mortos na maca

E o que sobeja no campo

Não se festeja

É a reles ferida.

Sem vida, sem bolsa

É a chance da seita

Que assiste ao confronto

No ponto de encontro

A colheita do ouro

Ed Ramos
Enviado por Ed Ramos em 20/05/2020
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