Quinquagésimo sexto dia

"A quarentena de um poeta"

Quinquagésimo sexto dia:

O dia das mães fora comemorado sem afetivos contatos nas que ficaram. O vírus não conseguira separar o incondicional ágape amor, pois fizera com que os que acreditaram na quarentena, salvassem-nas. Os que eram contra o isolamento social não tiveram coragem de abraçá-las, beijá-las e fazerem um churrasco a levar os netos para pedirem suas bênçãos a contradizer suas opiniões.

Outro guru do chefe lhe dissera que ficar em suas casas seria o grande erro dos filhos que para não morrerem de fome teriam que arriscar a vida a enfrentar o inimigo nas ruas de peito aberto a fazer circular a moeda dos seus suores e que a doença já havia invadido seus lares e escolhera quem e quando iria atacar. A insolência com suas informações falsas conseguira através da retórica e oratória persuadir um grupo gigantesco de seguidores, pois eu continuara a ver os piromaníacos atearem fogo nos gestos programados do executor.

O futuro era uma incógnita, o próprio inimigo era desconhecido e o cognoscente fora capaz de apenas impedir o holocausto a incentivar o distanciamento social, entretanto, houvera duas ciências a se confrontar, a da saúde e a da política, segundo as palavras de um médico que fora expulso da guerra.

Houvera um luto declarado por duas esferas pela dez mil mortes anunciadas, enquanto mais um script montado era realizado no Lago Paranoá a tentar grafar em nossas testas a palavra "idiotas", contudo, eu soubera a intenção do títere que por mais que permanecesse sendo manuseado por uma mão pesada se sentira livre do polegar que controlara sua cabeça.

Eu registrara uma enorme aglomeração em frente ao palácio com faixas de protestos contra as duas instituições que declararam o grande pesar pelos brasileiros aniquilados que começara com uma carreata e após seus ocupantes se concentrarem frente a arquitetura do côncavo e do convexo, ignoraram teimosamente as normas.

Tomara uma bronca de Maria:

- Chega! Venha comer o mocotó que você tanto gosta.

Apagara aquela linguagem referencial de minha mente e degustara do tutano de boi que fortalecera minhas articulações e fizera com que eu mantivesse a minha rotina diária de caminhar em volta da casa.

Uma lomba tomara conta do meu corpo e me conduzira a minha cama que aquecida pelos raios do sol me aguardara.

Maria Alice pegara uma carona e antes que meus olhos fechassem, parafraseara Tontonha:

- Estava gostoso, Amorzinho?

Mãe

Queria eu que fosse verdade

A minha mãe ao lado de Deus

A abençoar a minha vontade

De realizar os sonhos meus

Que toda vez que eu chorasse

Eu sentisse a sua mão

A enxugar da minha face

Somente lágrimas de emoção

Que eu pudesse prolongar meu sono

A tê-la há mais tempo

No meu sonho

E no meu pensamento

Que eu não sentisse a saudade...

Ed Ramos
Enviado por Ed Ramos em 10/05/2020
Reeditado em 10/05/2020
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