MEUS VÍCIOS NAS MADRUGADAS SOMBRIAS
Há momentos em que a memória
já não atende aos teus mistérios
ela sucumbe a dor e te mata
e você morto, vive para nada
enterrando o que morre
desenterrando os que vivem
viver é mais importante
mesmo sendo da vida amante
mesmo vivendo errante
mesmo sendo inconstante
mesmo vendo a morte cortante
aquela que fere o teu ódio
aquela que mata teus desejos
Há momentos em que a memória
já não acompanha a madrugada
há momentos em meus vícios
já não são vícios, são madrugadas
e minhas sombras se acostumam
Há momentos em que meus vícios
nas madrugadas sombrias
são nada no nada que a noite tem
Cada um daquele que sonha
não sonha pela memória
sonha por nada saber
por nada entender
por nada sofrer
por querer
Há momentos em que eu sofro calado
e sofrendo calado eu corro
e correndo em morro
e morrendo sofro
e sofro
Meus vícios são eternos
na madrugada sombria
minhas sombras são dívidas
dos vícios das madrugadas.
João Pessoa-PB, 09 de maio de 2020.