MEUS VÍCIOS NAS MADRUGADAS SOMBRIAS

Há momentos em que a memória

já não atende aos teus mistérios

ela sucumbe a dor e te mata

e você morto, vive para nada

enterrando o que morre

desenterrando os que vivem

viver é mais importante

mesmo sendo da vida amante

mesmo vivendo errante

mesmo sendo inconstante

mesmo vendo a morte cortante

aquela que fere o teu ódio

aquela que mata teus desejos

Há momentos em que a memória

já não acompanha a madrugada

há momentos em meus vícios

já não são vícios, são madrugadas

e minhas sombras se acostumam

Há momentos em que meus vícios

nas madrugadas sombrias

são nada no nada que a noite tem

Cada um daquele que sonha

não sonha pela memória

sonha por nada saber

por nada entender

por nada sofrer

por querer

Há momentos em que eu sofro calado

e sofrendo calado eu corro

e correndo em morro

e morrendo sofro

e sofro

Meus vícios são eternos

na madrugada sombria

minhas sombras são dívidas

dos vícios das madrugadas.

João Pessoa-PB, 09 de maio de 2020.

BENTO JUNIOR
Enviado por BENTO JUNIOR em 10/05/2020
Reeditado em 10/05/2020
Código do texto: T6942732
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