Quinquagésimo segundo dia
"A quarentena do poeta"
Quinquagésimo segundo dia:
O tempo virara e o meu quarto contivera minúsculas partículas de ácaros e fungos a impedir que eu desse os meus piques matinais no corredor do quintal e me pus a tentar entender o que se apresentara nos bastidores daquela guerra maldita.
As palavras foram como as balas perdidas do nosso invasor que jogadas no ar feriram muita gente, mas não matariam e quando escritas passaram a ser verdades ditas para serem investigadas. Esse era mais um capítulo do ensaio sobre a insensatez e para desapontamento dos incendiários o processo estivera apenas a começar e o declarante não tivera pressa. Todavia, o bombardeio das gotas tivera agilidade a quebrar mais um recorde de fatalidades, o que nos assombrara. O norte e o nordeste estiveram a ser cruelmente atacados e novas barreiras não eram capazes de segurar a fúria do inimigo que perdera o posto de protagonista para o dono do planalto.
Parecera que a estratégia era deixar por último a região que guardara o assento do poderoso chefão.
Os pobres pediram aos seus padrinhos misericórdia a clamarem a salvação enquanto que os coronéis estavam a conduzir o seu gado e eu voltara a observar o Grande Centro que ganhara a primeira recompensa, um trono para aquele que defendera o consumidor sobre a seca do agreste a qual gera as possibilidades dos desvios. Aqueles caçadores de privilégios estiveram em uma posição estratégia para recebê-los em troca de votos ao vivo.
“É um território imenso o nosso e mal resguardado por um documento que possibilita mamatas a um grupo de mercenários aptos para
mudar o jogo nas grandes reuniões”
Os ovos de ouro
Sob o solo da terra seca
Há um buraco que cresce
E enriquece uma granja
A cada pá da ração
A galinha poedeira se agacha
Pois todo dia é dia,
Sob o olhar do galo,
Colocar os seus ovos de ouro
Não se pode apagar a luz
É o que conduz ao tesouro
E se houver escuridão
Encerrar-se-ão o que se produz
O tapar do buraco é outra metáfora
É a possibilidade dos ganhos
É a mais produtiva das aves
A pôr de novo o ovo dos sonhos