Águas de Aquário
Nas tuas asas de Sol resgatou-me, longe lá no beiral dos sonhos e me acalentou na jornada com o véu da aurora.
O tempo parou nas minhas mãos, para gravar as águas de Aquários na constelação, o ancestral momento.
O teu peito de sol aqueceu minha alma, teus braços de raios suspenderam-me das terras azuladas e levaram-me no teu voo para o refúgio além do zênite da madrugada.
O teu querer incandescente foi o suficiente para subjugar tudo, já que o nosso mundo estava a um passo de concretizar o fascínio no dilúvio das emoções.
O silencio reinava em meu corpo de sentimentos, no entanto nos teus lábios o clamor falava tantos idiomas que nossos olhares se beijaram nas águas da noite, sem pudores, apenas com a fusão do desejo pungente.
E assim nos amando em cada encontro fugitivo da roda do cosmo, embalados em nós mesmos nos sentimos nas distancias, nos cruzamos no céu dos pensamentos e nos exultamos nas ruas das carícias, fadadas ao mergulho de um longo beijo.
E na Nebulosa de Helix o nosso dilema amoroso fechou um acordo: que em teus braços me desfaço na magnitude ardente do meu Sol.
Na imobilidade do tempo sei que não vai deixar de roubar-me com teus braços de asas, escondendo-me no teu manto de rei e fugindo apenas para sucumbirmos no sideral da paixão.
O que nos uni tão intensamente nas galáxias da natureza é a luz, buscando o nosso refúgio nas nuvens e nos recuperando na plenitude todo poder do Amor.