Trigésimo sexto dia
"A quarentena de um poeta"
Trigésimo sexto dia:
Um segunda-feira de ressaca causada por palavras venenosas da tarde anterior mexera com os meus batimentos cardíacos e Maria acendera um sinal de alerta a me impedir de ouvir debates.
Sobre um púlpito de aço a receber os disparos de gotículas das vuvuzelas e sob uma auréola encimentada gigante em istantes ele defendera com seu uniforme rubro um ato tão sicário quão o inimigo que nos atingira covardemente enquanto que ao redor houvera uma multidão de vozes a gritar:
- A nossa bandeira jamais será vermelha.
Palavras de baixo calão no galope das gotas quase invisíveis eram ouvidas pela população a pedir o fechamento do lugar onde está focado a proteção da nossa Constituição e outro que fora por quase três dezenas de anos a casa do próprio presidente.
Apoiar uma manifestação antidemocrática fora uma atitude questionada e cabe a quem ainda existira investigar parlamentares para que soubesse o paradeiro do verdadeiro camuflado.
Eu debatera comigo mesmo a questionar a cultura do homens de nossa sociedade que se tornaram volúveis a mudar facilmente de direção como o célebre morador da casa branca brasileira que no dia seguinte do gesto de apoio aos antidemocratas que não cooperavam com o distanciamento social, mais uma vez mudara o tom a dizer que não fecharia nada.
Uma postura perigosa, contudo, diferente da atitude do déspota que havia a cinquenta e dois anos atrás criado um ato mutilador de sonhos.
Aquela ditadura
Nunca mais a ditadura
As ditadas ordens eram vindas do ato
Desobedecidas pelo povo
Ceifado pela espada do planalto
Eram dias de lutas e torturas
Os discentes foram ameaçados
Mas a coragem e a bravura
Não os deixavam amordaçados
Houvera camuflados penetras nas ruas
Que escutavam as vozes dos poetas
E alcaguetavam aos generais
As ideias intelectuais
Cárceres privados abrigavam beltranos
Donos dos planos fracassados
Atormentados por soldados sicranos
Jamais foram encontrados
Com minhas libertas mãos
Escrevo hoje com abertura
A agonia dos cidadãos
E as barbáries daquela ditadura