Interlúdio
Interlúdio
Os dedos entrelaçados resistem em se separar, um segundo sem tocar sua pele é um momento perdido.
As bocas próximas falam sem querer dizer, balbuciam amenidades e hesitam em proferir o que não consegue mais calar.
O ar é denso, praticamente palpável, flechas de um confuso cupido singram o ar fatiando-os em arquipélagos de desejo.
Você levanta, me beija e me abraça como se fosse a última vez, com muito carinho, cumplicidade, sintonia e amor, mas com paixão recolhida, é um beijo Ághape e eu quero Eros.
Você parte como se dançasse ao vento, perfeita harmonia com o Universo, sua melhor e mais perfeita manifestação, leva meu coração, minha emoção, minha paixão.
Fico calado, um imenso hiato no peito e a inevitável sensação de vazio, de incomplitude.
Você se vira, acena e sorri, eu lanço um beijo apaixonado e imploro a Zéfiro que o faça chegar aos seus lábios perfeitos.
Sorrio querendo chorar, choro querendo sorrir.
A cada passo seu sinto minha vida mais distante, o amante romântico cede lugar ao robô funcional, o que comanda os dias vazios, todos os que não lhe vejo.
Minha parte sensível vai hibernar, sonhar e desejar lhe encontrar logo, armazenar a melhor matiz de azul do céu, o mais sedutor perfume, as palavras exatas e todos os sentimentos que só você consegue fazer aflorar para o momento em que puder fitar novamente seus olhos de outono e deixar os meus gritarem incontrolvelmente o quanto te amo.
Leonardo Andrade