Décimo terceiro dia

"A quarentena de um poeta"

Décimo terceiro dia:

Possivelmente ele veio de uma iguaria e a expressão idiomática "Eat like a horse" resume que mais uma vez o ser humano não mede a força de seu consumo.

Consumimos tudo o que se vê pela frente e quando se pode, buscamos o mais delicado e delicioso em busca do prazer.

Este também é um dos caminhos que o mal utiliza para nos contaminar, ele vem através das coisas exóticas que foge dos padrões básicos. Veio talvez via cais como os perversos vikings conquistadores a nos invadir sem perdão.

Segundo alguns sociólogos, o mundo virou uma aldeia devido a globalização e nada mais é motivo pra guerra, deve-se formar um unidade para vencer este perigoso malfeitor.

E o que se pode fazer é obedecer a não se esquecer de buscar a coerência. Os números não mentem, mas me sinto esperançoso pelos relatos de algumas pessoas que foram infectadas e sobreviveram, pela positividade dos que estão ao meu redor e pela vontade que tenho de abraçar demasiadamente a todos depois que a tempestade passar.

O dia passou vagarosamente e observei os pássaros a sobrevoar sobre o jardim e o beija-flor que sugava o néctar para reforçar suas energias a me fazer querer sê-lo.

Reguei as plantas e o sagu abria suas asas como o pavão exibicionista, a cheflera empinava-se com suas folhas verde-amarelas, a eugênia se contraia tímida a me agradecer, o pseudo-pé de milho enxarcava-se e a ixora se fartava dos pingos d'água a impulsionar a abertura de suas flores.

A natureza me gratulava a me fazer pensar de como deveria estar as cores daquele lugar na serra:

As cores da natureza

Pingos brancos a percorrer o verde das montanhas

É a boiada a pastar desde a madrugada

Sob o estrondo das cigarras

Imagino o sol que virá me tostar

Entre nós, o gavião-carijó que voa

A procurar os roedores na estrada

A abrir suas asas listradas

Mergulha como uma flecha venenosa

E se vai à copa das árvores

Que assombra os caminhos dos lagartos

E libera a vista do quadro

Que minha mente pincela

Com os verdes da coutada

Das nuvens, o branco

O azul do céu, o cinza das pedras gigantes

E o rosa dos barrancos

Ed Ramos
Enviado por Ed Ramos em 29/03/2020
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