Oitavo dia
"Quarentena de um poeta"
Oitavo dia:
Passou-se uma semana e a segunda-feira não possuia mais o rotineiro ar de desânimo. Eu renunciava a vontade de fugir para a rua mesmo sabendo que seria vacinado contra um velho conhecido por ordem da Secretaria de Saúde.
Minha desobediência teve sentido porque houve um caos durante o processo mal programado.
O grupo da terceira idade enfrentava filas e por irresponsabilidade dos organizadores, mantinha-se aglomerado a convidar o algoz para sua própria execução.
Restara então ouvir os debates e os novos bombardeios. Uma medida privisória suspendia por quatro meses o contrato do trabalhador, mas graças a Deus logo foi revogada pelo próprio publicador.
Nesta janela de tempo em que alguns amigos ficaram sem seus salários, eu tive dó ao imaginar os que tanto defendem o capitalismo a sofrer sem ajuda do governo.
Os empregadores não seriam capazes de abrir mão dos lucros em prol da sustentabilidade de seus funcionários, isso me deixara triste, pois eu acabara de ligar para Bê a dispensá-la de seus afazeres domésticos para que resguardasse a saúde dos seus.
A mídia dava ênfase a pesquisas sobre os governadores a me deixar perplexo pela falta de concentração no tema de maior importância mundial. O mais importante meio de comunicação insistia em penerar erros cometidos pelo Chefe de Estado através de pesquisas datadas a nos passar precisas informações sobre como nos prevenir. Impor o isolamento social era muito pouco para nos tranquilizar. O que tinha que ser feito foi ignorado a favor do capital que impera sobre a humanidade a ser um vírus permanente em nossa sociedade explorada.
Germinal
Brotou-se a semente do capital
O germinal da primavera
Um germe da mutação social
Uma nova era
Escoras precárias das minas
pagas pelo suor do labor
De pernas dobradas esfolaram
as escórias da sociedade
A revolta dos peles pintadas
Entoando gritos de pão
Acendeu o fulgor do burguês
que ignorou a manifestação
O poeta no meio do povo
Chorou pelo revés
Mas recitou aos ares da estrada
A letra da esperança