TRAGA O MEU AMOR

Evaldo da Veiga


Vejo o vento que se vê
nos movimentos das folhas dos coqueiros.
Ouço o vento no ruído do telhado
e no ranger da porteira,
onde passará o meu bem querer.

Vento, onde está quem espero?
Diga-me, por favor.
Da janela vejo o chão que eu pisei quando menino,
terra poeirenta tão distante,
mas sempre presente em mim.

Por quem esperei e espero sempre,
diga-me algo, vento do amor.
Se eu ainda fosse um menino
teria as visões das minhas noites insones
onde seu vulto amado surgia...

Guardo uma rosa sempre rosa,
onde ela não seca e nem murcha,
bem guardadinho em meu coração.
Ofertarei ao meu amor,
esse meu único bem.

É muito pouco, quase nada,
mas é tudo o que tenho,
em minha capacidade de dispor.
Vai vento, vai depressa,
traga o meu amor.

Imagem: Tela do Edgar Degas

Evaldodaveiga@yahoo.com.br