Quanto vale?
Quanto vale o olhar silenciado
Faminto, subjugado,
Que é indigno ser olhado,
Por aviltar seu senso estético,
Sua humanidade
Que humilha
Que regozija da fome
Que faz brilhar sua hipócrita caridade
Que enfurece O Crucificado
Que deixa sem resposta
Se valemos Sua Dor!
Nada foi aprendido
Por que não interessava ser ensinado!
O Valor que Foi partilhado
Não foi guardado em arcas
Não coroaram cabeças
Não elegeram sobrenomes!
Estão nas mãos calejadas
Em farrapos que vestem
Em pés descalços
Em olhos turvados pela poeira
Da estrada dura e longa
De quem luta pelo pão
Atirado no chão
Pelo sádico coração
Que para ser cristão
Precisa explorar a fome
De pão!