Passageiro do Velho Bonde
Falando de pai para filho, de mãe para pai, digo que não tenho pai. Falando de avós, digo que eles sonharam, sonharam e também se foram. De tios, tias, primos ou sobrinhos, nada tenho. Me restou uma paisagem que me parece se transformar em lembranças sem data. De tempos em tempos, eu sem encanto, nem me percebem se vivo estou. Se assim é a vida, assim é a morte - um velho bonde recolhendo passageiros à esmo. E sei: o primeiro da fila sou eu!