Minha Outra Vida

Ao sentar naquele banco de cimento, nos abraçamos e juramos coisas eternas, dizeres de homens e amantes. Loquaz este tempo: nos leva, indomável, para um canto de breus e nos acalenta com mãos que chegaram num dia de primavera e partiram no lodo do inverno. Igual a pássaros que não mais sabem da natureza. Hoje espero essas mãos e encontro tubos pela garganta e dores formidáveis. A vida tornou-se um rascunho. E quem a escreve não sou mais eu. Quem escreve minha vida é outra vida. Quem me espera, não me aguarda mais!
José Kappel
Enviado por José Kappel em 02/02/2020
Reeditado em 12/02/2020
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