Água, sabão e sol

A máquina de lavar o passado

já fez o serviço e deixou tudo limpo

ninguém se lembra mais

do sabão artesanal,

da água de anil,

das fileiras de roupas no varal

quem hoje pensa que das alturas,

o sol vigiava o vento

e as roupas em movimento?

já se apagou a imagem

das peças ainda quentes

acomodadas nos braços

após a secagem, o cheiro bom

de água limpa que se evaporou

lembranças são tecidos frágeis

desbotam, perdem a cor

bem que o ferro de brasa tentou

tatuar na pele do tempo

a marca de seu valor

a futurista máquina de lavar

lava até os peixes do mar

sobre as águas deságua

sua espuma branca e leve

cobertura de clara em neve

querendo nos enganar

Maria do Carmo Fraga(MarianaMendes)
Enviado por Maria do Carmo Fraga(MarianaMendes) em 09/11/2019
Reeditado em 18/08/2023
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