Sem tempo de sentir saudade

Sobre os relógios...

O tempo não voa mais

O tempo empurra pra frente

sem dar-nos chance

de sentir saudade

Pense na natureza...

Hoje comprei flores e um canário cantador

na seção de artigos de plástico

Adotei o relaxamento na grama sintética

e as caminhadas elétricas

na intimidade doméstica

E por onde anda calor humano?...

Há muito deixei de contar nos dedos

os amigos que tenho

Em número exato

É a máquina que me diz quem são

e dá testemunho de que estão bem

Preste atenção nas praças...

As praças estão vazias de alegria

são agora moradia improvisada

de pessoas abandonadas

Coisas bobas...

debruçar-se à janela

olhar as nuvens

olhar quem passa

virou atitude suspeita

Perdemos a naturalidade

que nos faz achar graça em coisas simples

Melhor dizendo,

já não sabemos o que é simplicidade

Maria do Carmo Fraga(MarianaMendes)
Enviado por Maria do Carmo Fraga(MarianaMendes) em 26/09/2019
Reeditado em 02/03/2024
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