OUTRAS PRECIOSIDADES (162)

No café da manhã, minhas certezas servem-se

de dúvidas. E têm dias que me sinto estrangeiro

em Montevidéu e em qualquer outra parte. Nesses

dias, dias sem sol, noites sem lua, nenhum lugar

é o meu lugar e não consigo me reconhecer em

nada, em ninguém. As palavras não se parecem

àquilo que dão nome, e não se parecem nem

mesmo ao seu próprio som. Então não estou

onde estou. Deixo meu corpo e saio, para longe,

para lugar nenhum, e não quero estar com

ninguém, nem comigo mesmo, e não tenho, nem

quero ter, nome algum: então perco a vontade

de me chamar ou de ser chamado.